No Brasil, 72 facções criminosas atuam no narcotráfico, incluindo 2 transnacionais, com faturamento de US$ 65,7 bi, controlando o crime e o sistema financeiro.
GUARUJÁ (SP) – Uma pesquisa inovadora sobre a presença do crime organizado no Brasil, revelada parcialmente no sábado, 8 de junho, durante o Fórum Esfera no Guarujá (SP), apontou a existência de 72 organizações criminosas ligadas ao narcotráfico no país, com destaque para duas delas com atuação internacional, apresentando-se como verdadeiras holdings do crime organizado. A presença do crime organizado é alarmante em diversas regiões.
O estudo também destacou que as facções criminosas atuam de forma coordenada, demonstrando uma estrutura complexa de criminosos interligados. A presença dessas organizações criminosas representa um desafio significativo para as autoridades, que buscam combater o avanço do crime organizado e garantir a segurança da população. A atuação do crime organizado exige medidas eficazes e estratégias inovadoras para enfrentar essa realidade cada vez mais presente em nosso país.
O Crime Organizado e Suas Ramificações
No início de abril deste ano, o Ministério Público de São Paulo desencadeou uma ação contra empresários de empresas de ônibus suspeitos de envolvimento em lavagem de dinheiro para o Primeiro Comando da Capital (PCC), uma das principais facções criminosas do país. A violência e o crime organizado serão foco das próximas eleições.
De acordo com o estudo elaborado pelo Esfera Brasil – um think tank independente e apartidário que reúne empresários, empreendedores e a classe produtiva -, se toda a cocaína que atravessa o Brasil fosse exportada para a Europa, o lucro das organizações criminosas atingiria a cifra de US$ 65,7 bilhões, equivalente a 3% do PIB brasileiro de 2023.
O relatório também apresenta um mapeamento dos fluxos de entrada e saída do Brasil de pelo menos 20 transações ilegais, abrangendo tráfico de pessoas, drogas, cigarros, ouro, diamantes, defensivos agrícolas, armas e madeira, evidenciando a ampla gama de atividades econômicas afetadas pelo crime organizado.
‘Além do crime convencional, o crime organizado controla atividades como garimpo ilegal, exploração de madeira e centros urbanos de prestação de serviços, como entrega de gás, transporte público e postos de combustível’, afirmou o advogado criminalista Pierpaolo Bottinni.
O estudo revela que o Brasil figura entre os países com maior número de veículos blindados no mundo, está no top cinco global em termos de homicídios por 100 mil habitantes e no top três em população carcerária. Aponta ainda a falta de coordenação efetiva entre as mais de 1.500 instituições de segurança pública previstas na Constituição brasileira, prejudicando a integração de informações e a eficácia no combate ao crime organizado.
Preto Zezé, presidente da Central Única de Favelas, destaca que a abordagem puramente punitiva da política de segurança pública não é eficaz. ‘Investimos mais recursos na detenção de jovens do que no financiamento do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica’, ressaltou Zezé.
O governador Claudio Castro, do Rio de Janeiro, identifica a legislação desatualizada, mencionando o Código Penal e o Código de Processo Penal dos anos 1940 como um dos problemas. ‘O crime organizado não opera mais com malas de dinheiro, mas sim por meio do sistema financeiro nacional’, alertou.
O secretário nacional de Segurança Pública, Mário Sarrubo, enfatizou a interligação entre segurança pública e economia, descrevendo um ciclo vicioso em que a deterioração econômica alimenta a violência, que por sua vez prejudica a economia. ‘É esse ciclo vicioso que temos enfrentado nas últimas décadas – e nossa missão é quebrá-lo’, afirmou.
Ele defendeu uma colaboração entre o governo federal e os estados, visando estabelecer diretrizes gerais na segurança pública sem infringir a autonomia dos estados. ‘Existe um plano para que a União desempenhe um papel mais ativo – sem prejudicar a autonomia dos estados, é claro – na definição de políticas de segurança pública. Para que possamos ter um impacto ainda maior’, declarou.
O relatório completo, que abordará as soluções e estratégias propostas para combater o crime organizado, será lançado pelo Grupo Esfera em um evento na véspera do próximo encontro internacional sobre segurança.
Fonte: @ NEO FEED
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