Déficit público dos EUA em elevação, atingindo US$ 56,9 trilhões nos próximos dez anos. Relação dívida/PIB indica estabilidade.
A situação tem se tornado comum nos últimos anos no Brasil. Sempre que o Ministério da Economia divulga uma atualização da dívida pública do país, a reação inicial é de surpresa, seguida por um sentimento de preocupação. A surpresa se dá pelo aumento da dívida pública.
O endividamento do governo brasileiro tem sido motivo de debate constante entre especialistas. O alto passivo do país gera preocupações sobre a sustentabilidade econômica a longo prazo. É essencial encontrar soluções para reduzir o débito e garantir a estabilidade financeira no futuro.
Dívida Pública em Destaque
O conformismo em relação ao crescimento do déficit público nos EUA é notável, mesmo diante do anúncio do CBO de um aumento de 64% na dívida pública nos próximos dez anos. Esse cenário inédito e surpreendente não parece gerar a mesma preocupação que em outros países, mesmo do Primeiro Mundo. Atualmente em US$ 34 trilhões, o déficit americano está previsto para chegar a US$ 56,9 trilhões até 2034, com um acréscimo de US$ 3 trilhões anualmente, segundo as projeções do CBO. O déficit do ano fiscal atual, equivalente a 6% do PIB dos EUA, atinge US$ 1,9 trilhão.
Desafios e Perspectivas
A divulgação desses números certamente despertou preocupações, especialmente em um país com taxas de juros elevadas. No entanto, a possibilidade de que o aumento do déficit ameace a posição do dólar como moeda de reserva global ou provoque um colapso na maior economia do mundo parece remota. Mesmo o aumento da relação dívida/PIB, que atingirá 122% em 2034, não gerou grande comoção, apesar de ultrapassar o recorde anterior de 106% em 1946, após a Segunda Guerra Mundial.
Reflexões sobre o Endividamento
Surpreendentemente, as campanhas presidenciais nos EUA, incluindo as de Joe Biden e Donald Trump, não abordam de forma significativa a questão do endividamento em suas plataformas. Isso reflete a postura de duas das três principais agências de classificação de risco, que rebaixaram a nota de crédito da dívida dos EUA de AAA. Luis Otavio Leal, economista-chefe da G5 Partners, destaca que o cenário de conformismo pode ser atribuído à política fiscal expansionista adotada por muitos países para estimular suas economias pós-pandemia.
Visão de Especialista
Leal observa que a pandemia desencadeou um aumento significativo no endividamento global, levando os mercados a adotarem uma postura mais tolerante em relação a esse cenário. Ele destaca a situação da França, que ampliou sua dívida em comparação com a Alemanha na zona do euro. Mesmo com o crescimento exponencial da dívida pública nos EUA, a força do dólar como moeda de referência global parece segura, apesar de ter perdido participação nas reservas mundiais nos últimos anos.
Desafios Futuros
Leal ressalta que, embora a China tente promover o yuan como alternativa, as incertezas em torno do controle estatal da moeda e a falta de confiabilidade do país como referência global limitam essa possibilidade. Enquanto isso, o euro enfrenta obstáculos que o impedem de se tornar uma moeda de referência sólida. A complexidade da situação econômica global exige uma abordagem cuidadosa e estratégica para lidar com o desafio do endividamento público em um cenário de incertezas e mudanças constantes.
Fonte: @ NEO FEED
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