Dois Fiagros investem em fundo com CRA de empresa criminosa, gerando volatilidade e isenção de imposto.
Já imaginou aplicar em um Ficap (Fundo de Investimento em Cadeias Agroindustriais) protegido contra a instabilidade? Que gera aproximadamente 15% ao ano? E que ainda conta com isenção de imposto de renda? Atraente, não é mesmo? Porém, acabou se tornando um problema judicial. E, mais do que isso, ao menos para você, pode resultar em grandes perdas financeiras em vez de lucros.
E se você diversificar sua carteira de investimentos com um Ficap seguro e rentável? Com a possibilidade de obter retornos significativos e proteger seu patrimônio? Essa pode ser uma alternativa interessante para garantir a segurança e o crescimento do seu dinheiro.
Fundo: Investimento em Certificado de Recebíveis do Agronegócio
Dando nome aos bois, o fundo AZQA11 realiza investimentos em um outro fundo com exposição a um certificado de recebíveis do agronegócio (CRA) emitido pela empresa Stoppe LTDA, na qual os sócios foram identificados pela Polícia Federal como líderes de uma organização criminosa. O AZQA11, também conhecido como AZ Quest Luna, é um fundo reconhecido no mercado por ser ‘cetipado’, o que significa que suas transações ocorrem sem a intermediação da bolsa, sendo realizadas diretamente entre compradores e vendedores no mercado de balcão.
Com um patrimônio de R$ 543 milhões, o AZQA11 é um fundo direcionado para investidores de varejo, contando com 13 mil cotistas cuja aplicação média é de R$ 40 mil. Sua carteira oferece um rendimento de CDI + 4,84% ao ano, com um prazo médio de aproximadamente dois anos, conforme informações do último relatório mensal de abril.
Os fundos cetipados, como o AZQA11, não estão sujeitos às mesmas obrigações de divulgação dos fundos listados na B3, o que os torna menos transparentes para os investidores, não apenas em relação à gestão, mas também ao preço de mercado das cotas. Em outras palavras, o mercado de bolsa é mais transparente devido à publicidade das transações.
No mercado de balcão, as operações são realizadas diretamente entre as partes interessadas, sem a interferência de uma bolsa de valores. Os fundos cetipados, por não serem negociados em bolsa, não sofrem com as flutuações naturais do mercado secundário da B3. Um dos objetivos é evitar a excessiva volatilidade das cotas.
No entanto, essa proteção contra a volatilidade não é uma garantia absoluta, pois podem ocorrer operações que comprometam a rentabilidade do fundo. E é aí que surge o problema. O AZQA11 detém uma participação de 5,78% em outro fundo, o Caetê Fiagro Direitos Creditórios (FDIC).
Esse fundo possui investimentos em CRAs emitidos pela Stoppe LTDA, empresa envolvida na operação ‘Greenwashing’ da Polícia Federal, na qual Ricardo Stoppe Júnior, um dos proprietários da empresa, é apontado como líder de uma organização criminosa relacionada a um esquema de grilagem de terras no Amazonas.
Ricardo Stoppe e seu filho, Ricardo Villares Lopes Stoppe, sócio da Stoppe LTDA, foram presos durante a operação da PF. A operação da PF e as partes envolvidas estão diretamente ligadas ao CRA presente na carteira do Caetê Fiagro Direitos Creditórios, o qual está lastreado em notas comerciais emitidas pela Stoppe LTDA, com garantias em créditos de carbono originados em terras griladas.
Esses créditos de carbono, vendidos ilegalmente, estão associados a terras públicas invadidas da União. Os membros da família Stoppe são acusados de falsificar documentos para explorar ilegalmente a Amazônia. Estima-se que o grupo envolvido tenha vendido aproximadamente R$ 180 milhões em créditos.
O AZ Quest Sole, outro Fiagro gerido pela AZ Quest e negociado com o código AAZQ11, é um fundo negociado em bolsa que detém uma participação mais significativa no Caetê FIDC, de 10%.
Fonte: @ Valor Invest Globo
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