Menina, sinto volume abdominal, 29ª semana, coquetel abortivo, aborto legal, 14 anos.
(AGÊNCIA BRASIL) – Renata (nome fictício), 25, de Porto Alegre (RS), percebeu que estava grávida de gêmeos quando começou a sentir enjoo matinal e cansaço extremo. ‘Foi uma surpresa enorme descobrir que estava em gestação de dois bebês’, contou a jovem, que estava na 12ª semana de gestação quando fez o teste de gravidez.
Em São Paulo (SP), Júlia (nome fictício), 35, teve uma gestação de risco devido à pressão alta. Durante a gravidez, precisou fazer repouso absoluto e acompanhamento médico constante. ‘Foi um período desafiador, mas valeu a pena quando segurei meu filho nos braços pela primeira vez’, relembra Júlia, que deu à luz um menino saudável após 37 semanas de gestação.
Gestação e os Desafios Enfrentados
Após registrar um boletim de ocorrência, as vítimas de violência sexual procuraram o Hospital da Mulher, situado na capital paulista. Lá, Karen passou por uma série de exames, recebeu o coquetel recomendado para casos de violência sexual, porém foi informada de que, naquela instituição, abortos legais eram realizados apenas até a 20ª semana de gestação. No Hospital Maternidade Vila Nova Cachoeirinha, também não foi possível obter acesso ao aborto legal devido à suspensão dos procedimentos pela prefeitura. Mãe e filha tiveram que se deslocar de ônibus até Salvador (BA) para a interrupção da gestação, enfrentando dois dias e cinco horas de estrada. O agressor ainda está foragido. ‘Minha filha sempre me pergunta: ‘e aí, mãe, não vai acontecer nada com ele? Por que ele não foi preso se cometeu um crime?’,’ desabafa a mãe.
De acordo com a Constituição, não há restrições quanto à idade gestacional do feto no momento do aborto. No entanto, o PL Antiaborto por Estupro, em tramitação urgente na Câmara dos Deputados, propõe a criminalização do aborto após a 22 semanas de gestação para vítimas de estupro. Residindo em Guarulhos, a mãe tem duas filhas, uma de 15 e outra de 13 anos, e um filho de quatro anos. Sua filha mais velha costumava passar os fins de semana na casa da avó, em São Paulo, sendo levada na sexta-feira e buscada no domingo. A avó tinha um marido de quarenta e poucos anos, com quem convivia há mais de 15 anos. Apesar de nenhum sinal aparente, a filha mais velha mudou drasticamente de comportamento, tornando-se reclusa e agressiva.
A mãe tentava se comunicar com ela, mas era evitada. Devido ao uso de roupas largas, demorou a notar as mudanças em seu corpo. Em novembro do ano passado, suspeitou-se de uma gravidez. Após muita insistência, a filha revelou ter sido abusada pelo marido da avó. Sem compreender totalmente a situação, a adolescente chegou a mencionar que sentia algo mexendo em sua barriga. O agressor a ameaçou de morte caso contasse sobre o abuso, o que a manteve em silêncio por meses. Ao descobrir a verdade, a mãe confrontou a avó, que desmaiou devido ao choque. O agressor, que já havia deixado a residência, entrou em contato para confessar e prometer se entregar, porém desapareceu em seguida.
O primeiro passo foi registrar um boletim de ocorrência, seguido pela visita ao Hospital da Mulher em São Paulo. A adolescente realizou exames de sangue, ultrassom e recebeu o coquetel anti-Aids, mas foi informada de que o aborto não poderia ser realizado, pois a instituição só realizava procedimentos legais até a 20ª semana de gestação. Naquele momento, ela estava com 29 semanas, sendo encaminhada para o Hospital Maternidade Vila Nova Cachoeirinha.
Fonte: © Notícias ao Minuto
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