As instituições financeiras devem manter a busca por maior personalização e segmentação na construção de soluções para investidores.
Anualmente, a Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais) promove o estudo intitulado ‘Raio X do Investidor Brasileiro‘ com o intuito de compreender os hábitos, preferências e perspectivas dos cidadãos em relação ao cenário de investimento.
Os resultados da pesquisa revelam que a maioria dos entrevistados demonstra interesse em investir seus recursos financeiros, porém ainda enfrenta desafios na hora de aplicar seu dinheiro de forma mais estratégica. É fundamental buscar conhecimento e orientação para tomar decisões mais assertivas no campo do investimento, visando alcançar melhores resultados a longo prazo.
Investimento: A Realidade de Poupança e Acumulação Financeira
Na sétima edição da pesquisa, entrevistamos 5.814 pessoas no final de 2023, com o objetivo de refletir de perto a realidade de aproximadamente 160 milhões de brasileiros, com idade acima de 16 anos e pertencentes às classes A/B, C e D/E. Uma informação inicial que se destaca é que apenas 30% dos entrevistados mencionaram ter a capacidade de manter dinheiro ao longo do ano passado, uma porcentagem menor em relação a 2022 (32%), mesmo com a recuperação da atividade econômica, do nível de emprego e da massa de rendimento real em 2023.
Isso evidencia que a maioria das famílias brasileiras continuou sem condições de poupar e aportar reservas adicionais. O número de pessoas que investem de alguma forma (37%) é um pouco maior do que os 30% que conseguiram poupar em 2023, mas também indica a incapacidade de uma grande parte da população (63%) de ter qualquer economia acumulada, seja para emergências ou para a construção de um futuro financeiro mais estável.
Em meio a esse cenário desafiador para a acumulação de uma reserva financeira mais sólida, é interessante notar que, entre aqueles que conseguiram poupar em 2023, a classe C foi a que mais se dedicou a adotar medidas de austeridade em seus gastos supérfluos: 46% mencionaram controle de despesas e ‘redução de saídas’, enquanto 23% afirmaram ter evitado compras desnecessárias.
Esse comportamento revela uma maior disciplina por parte de parte da população para manter suas finanças equilibradas, visando construir alguma poupança ao longo do tempo. No que diz respeito à destinação dos recursos poupados, houve uma leve mudança nos padrões em comparação com o ano anterior (2022). Enquanto os gastos com dívidas e manutenção de residências e aluguéis diminuíram, os investimentos em produtos financeiros e reformas ou construção de casas aumentaram.
É positivo observar esse aumento na alocação de recursos para investimentos em ativos reais, como novos imóveis e/ou produtos financeiros, que são formas de reserva de valor a longo prazo para a poupança acumulada. A motivação principal dos investidores (37% mencionados anteriormente) continua sendo a busca por maior segurança financeira (44% dos entrevistados) e, em segundo lugar, com 28%, a busca por maior retorno financeiro, mostrando que a preocupação predominante é o bem-estar e a segurança financeira duradoura, especialmente nas classes de renda mais baixas.
Essa parcela da população investidora também revela outra informação positiva da pesquisa, que é a indicação de uma gradual sofisticação dos tipos de investimento utilizados. A caderneta de poupança, um dos investimentos mais simples, com rentabilidade limitada, perdeu quatro pontos percentuais de participação (de 72% em 2022 para 68% em 2023). Por outro lado, alguns dos investimentos mais complexos ganharam espaço de 2022 para 2023, demonstrando uma busca crescente por opções mais diversificadas e rentáveis.
Fonte: @ Valor Invest Globo
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