No Japão, a semelhança entre palavras japonesas e portuguesas se deve a vinte e dois séculos de trocas linguísticas em relações internacionais.
As línguas são dinâmicas e, ao invés de permanecerem estáticas, estão em constante transformação devido à interação com seus falantes e à influência de outros idiomas e culturas. No Japão, é possível encontrar uma riqueza de vocabulário que possui semelhanças impressionantes com as palavras em português. Essa relação linguística revela a história de intercâmbio e contato entre os povos ao longo dos séculos.
Os habitantes do Japão, também conhecidos como nipônicos ou povo do Japão, mantêm viva a tradição linguística que os conecta às raízes de sua cultura milenar. A influência mútua entre o português e o idioma japonês é evidente em diversas palavras do cotidiano, refletindo a troca de conhecimentos e experiências entre os dois povos. Essa interação linguística enriquece a comunicação global, evidenciando a diversidade e a riqueza cultural que nos conecta de maneira tão especial.
Intercâmbio Linguístico entre Japoneses e Portugueses
Quase cinco séculos atrás, os habitantes do Japão incorporaram ao seu vocabulário termos específicos do português, muitos utilizados até hoje. Por exemplo: pan para designar pão, biroodo para veludo, tabako para tabaco e karuta para carta de baralho. A distância de 11 mil quilômetros separa Lisboa de Tóquio, e, aparentemente, não há nada em comum entre essas duas culturas, uma forjada na Europa medieval e outra carregada do tradicionalismo oriental nipônico. A explicação está nos vinte e dois séculos de história e nos esforços empreendidos pela Companhia de Jesus — mesma ordem religiosa que, por meio de José de Anchieta (1534-1597) e tantos outros, encarregou-se de catequizar indígenas brasileiros durante a colonização, e mesma ordem religiosa do argentino Jorge Bergoglio, o Papa Francisco.
Essa história culmina no fato de que os portugueses foram pioneiros no contato frequente entre europeus e japoneses. Suas nuances culturais e religiosas estão no cerne de uma fascinante troca linguística, destacada pela recente série Xógum: A Gloriosa Saga do Japão, baseada no romance de James Clavell. Gonçalves, ex-reitor da Pontifícia Universidade Gregoriana em Roma, destaca o papel dessa troca cultural.
Segundo a professora de japonês Monica Okamoto, da Universidade Federal do Paraná, a chegada dos portugueses em Tanegashima, uma pequena ilha ao sul do Japão, representou o primeiro encontro do povo do Japão com o ocidente. Sob o domínio do xogunato, os japoneses ficaram impressionados com as inovações tecnológicas apresentadas pelos visitantes europeus, como a arma de fogo do tipo mosquete. Os xoguns permitiram a entrada dos portugueses para conhecer outras inovações nos campos militar e naval, iniciando um intenso período de relações internacionais entre Portugal e o Japão.
O primeiro jesuíta a chegar ao Japão foi o missionário São Francisco Xavier, em 1549. Ele introduziu o catolicismo no Japão, estabelecendo escolas, santas casas e igrejas. Esse intenso e curto período de relações internacionais resultou na incorporação de muitas palavras portuguesas ao vocabulário japonês. São marcos importantes dessas interações históricas que têm influências duradouras até os dias atuais.
Fonte: © G1 – Globo Mundo
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