Voluntários de abrigos no RS, em entrevista com a CNN, compartilham sobre reações emotivas e comportamentais de vítimas, desafios de trabalhadores e termos: préocupação, voltada, ampliação, sintomas, substâncias, ocorrências, violência, mediação, angústia, oferecer, escuta, seguir, protocolo, mapear, documentos. Foco: psicologia, apoio psicossocial.
As inundações provocadas pelas intensas chuvas no Rio Grande do Sul não geram somente consequências materiais.
É fundamental cuidar da saúde mental da população afetada, oferecendo apoio emocional e recursos para lidar com o trauma causado por desastres naturais.
Impacto da Enchente na Saúde Mental da População
Os danos psicológicos provenientes de uma enchente serão sentidos em diferentes prazos, de acordo com especialistas consultados pela CNN. Entre as reações emocionais e comportamentais esperadas nessas situações, destacam-se a tristeza, a angústia, a raiva, o choro, a preocupação com o futuro, a falta de apetite ou seu excesso, e a insônia, conforme aponta Miriam Alves, presidente do CRPRS (Conselho Regional de Psicologia do Rio Grande do Sul).
Além disso, existe a possibilidade de ampliação de sintomas psicológicos em indivíduos que já demandavam cuidados de saúde mental anteriormente, juntamente com o aumento do uso de substâncias e ocorrências de diversos tipos de violência. Tais reações são previsíveis e devem ser observadas na prática, especialmente nos abrigos, onde a psicologia pode oferecer suporte, como mencionado em um artigo anterior da CNN.
Apoio Psicossocial às Vítimas das Enchentes
Para atender à demanda por apoio psicossocial às vítimas das enchentes, a Secretaria Estadual da Saúde (SES) do Rio Grande do Sul está cadastrando profissionais da área, como médicos e psicólogos, para formar um banco de voluntários capazes de auxiliar os municípios afetados. A psicóloga clínica Camilla Rodrigues é uma das voluntárias que atua na Escola Mesquita, localizada na zona norte de Porto Alegre, um dos locais de acolhimento para as vítimas das enchentes na região.
Em suas palavras, inicialmente, a preocupação dos afetados estava centrada em armazenar alimentos, roupas e itens de higiene. No entanto, nos últimos dias, essa preocupação evoluiu para uma preocupação mais relacionada à angústia. Perguntas sobre o paradeiro de familiares desaparecidos, animais de estimação não resgatados, a situação das casas e a perda de documentos passaram a dominar as conversas.
A maioria dos atendidos por Rodrigues são moradores ribeirinhos que perderam tudo devido às enchentes. Com casas construídas principalmente com materiais reciclados, essas vítimas estão enfrentando a dura realidade de terem perdido tudo.
Abordagem Psicológica e de Apoio às Vítimas
Diante desse contexto desafiador, o suporte psicológico oferecido é prático e direcionado. A equipe atua na mediação da angústia dos pacientes, seguindo o protocolo do Conselho Regional de Psicologia, que preconiza a importância de oferecer escuta atenta e acolhedora, sem tentar reverter o passado, mas sim acolher as emoções presentes.
Além disso, é realizada uma orientação sobre os recursos disponibilizados pelo governo para as famílias afetadas, juntamente com um trabalho de mapeamento dos documentos perdidos durante as enchentes. A reconstrução de uma rede de apoio com familiares e conhecidos também é parte fundamental desse processo de recuperação emocional e social.
Fonte: © CNN Brasil
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