Interpretações superam fatos em investimentos: perfil de risco, classes de ativos, selecionar e monitorar ativos gera ruído.
O processo de investimento é hierárquico. Primeiramente, é fundamental considerar as expectativas em relação ao destino dos recursos financeiros e o prazo desejado para alcançar os objetivos. Além disso, é essencial realizar uma análise interna para identificar o perfil de risco mais adequado.
Quando se trata de expectativas financeiras, é importante também levar em conta as projeções e perspectivas do mercado. Dessa forma, é possível tomar decisões mais embasadas e alinhadas com as metas estabelecidas, visando alcançar resultados satisfatórios a longo prazo.
Expectativas no Processo de Investimento
Na sequência, duas atividades mais técnicas têm seu lugar, a primeira é identificar as classes de ativos mais apropriadas e a segunda escolher quais ativos selecionar dentro de cada classe. Por fim, é chegada a hora de monitorar o investimento, de averiguar se os resultados alcançados estão dentro do planejado e fazer os ajustes necessários. Os passos acima fazem parte de um típico processo de investimento, que começa com o cliente, passa pelo desenho de um asset allocation e do plano de investimentos, execução, até enfim desaguar no controle e avaliação. A parte mais importante é a primeira, em que o investidor deve dispensar um tempo generoso para pensar na sua vida e preencher o questionário de Suitability. Todo o tempo investido nesta etapa é precioso, assim como em uma viagem de férias, se o destino não for bem traçado são quase nulas as chances de se atingir aquele prazer tão desejado.
Contudo, não basta definir para onde se vai, é preciso ter um mapa e saber quais ativos comprar é fundamental para o sucesso da empreitada, e aqui não tem segredo, é comprar barato para vender mais caro. Simples, pelo menos aqui no papel. A questão é descobrir o que é um ativo barato, ou melhor, quando um ativo está barato. Que preço será esse que o tornaria uma pechincha? Porém, a verdade é que só saberemos se ele estava barato ou não na hora de vender. Evitando aqui fazer uma discussão sobre qual seria o preço justo de um ativo por modelo X ou Y de avaliação, pela ótica do investidor o que vale é se ganhou ou perdeu dinheiro.
Sendo assim, cada um de nós tem uma ideia de preço, pode ser até que não tenha um valor exato mas, minimamente, deve existir algo do tipo ‘isto deve valorizar tanto’ a ponto de fazer sentido adquirir o ativo para compor a carteira. Fica claro, então, que no momento da decisão de compra o que temos é uma expectativa sobre o futuro que vai orientar a geração das estimativas sobre quais ativos tem maior ou menor potencial de valorização. Investimento é uma decisão sob incerteza e elas, as expectativas, exercem um papel fundamental na decisão de qualquer investidor. O jogo é olhar para o presente e apostar no futuro.
Nesse sentido, a deterioração dos preços dos ativos de risco no Brasil desde a última reunião do Copom, dias 7 e 8 de maio, conta uma história contundente sobre a percepção de risco e das expectativas. Nestes pouco mais de 40 dias, o Ibovespa caiu em torno de 8% contra um aumento de cerca de 1,5% do MSCI EM (índice que mede a valorização média das Bolsas de países emergentes), já o dólar por aqui subiu perto de 5,4% contra uma valorização de pouco mais de 0,2% medida pelo DXY (cesta composta por divisas de vários países). Sobre o mercado de renda fixa, as taxas do Tesouro IPCA para 2035 alcançaram 6,4% contra 6,2%. O derretimento das expectativas pode ser observado por meio do relatório Focus, a comparação entre o que antecedeu a reunião anterior (referente a 03/05) e o desta última sexta, dia 14/06. A inflação projetada para 2024.
Fonte: @ Valor Invest Globo
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