Estudo da USP identifica molécula como potencial alvo terapêutico contra o raro câncer pleural maligno, afetando membrana pulmonar. Exposição a asbestos causa fibras, reações inflamatórias recorrentes, atingindo células normais da pleura, macrófagos, proliferação celular, perdida de controle divisões, transformando-se em células neoplásicas.
Causado pela exposição ao asbestos (amianto), o mesotelioma pleural maligno é um tipo de câncer raro, mas muito agressivo, com prognóstico de sobrevida de seis a 18 meses, o que torna necessária a identificação de novos marcadores preditivos e prognósticos para a doença. Em estudo recente publicado na revista científica Frontiers in Immunology, pesquisadores da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FM-USP) apontam que a detecção precoce da presença de asbestos no organismo pode contribuir para um diagnóstico mais preciso e um tratamento mais eficaz.
Além disso, a análise da expressão da molécula mesotelina, uma proteína produzida por células tumorais do mesotelioma, tem se mostrado promissora como um indicador importante para a progressão da doença. Estudos futuros sobre a relação entre a exposição ao amianto e a expressão da mesotelina podem abrir novas perspectivas no tratamento e na monitorização do mesotelioma pleural maligno.
Asbestos: Um Inimigo Invisível Presente em Nosso Cotidiano
E, ainda, que a proteína seria um potencial alvo terapêutico. Leia Mais Como funciona o teste genético para câncer? Entenda e veja benefícios Casos de câncer colorretal mais que triplicaram em adolescentes em 20 anos Nova vacina para câncer potencializa resposta imune contra tumor cerebral ‘Existem vários outros alvos terapêuticos, mas essa proteína tem sido um candidato muito promissor, a ‘menina dos olhos’, tanto como marcador prognóstico quanto preditivo da doença, mas não é só isso. Ao inibi-la, vimos que é possível diminuir a proliferação celular e conter o crescimento tumoral’, revela Vera Luiza Capelozzi, uma das autoras do artigo. Ela explica que a exposição às fibras do asbesto destrói as células mesoteliais normais da pleura, membrana que reveste o pulmão. A doença se desenvolve a partir do efeito combinado entre as células da pleura e os macrófagos (células de defesa) que fagocitam as fibras do asbesto. ‘O asbesto é um silicato que tem a estrutura semelhante à de um cristal. Quando a fibra de asbesto é inalada, o macrófago, nossa principal célula de defesa, fagocita essa fibra, mas não consegue destruí-la. Com o tempo, ocorrem reações inflamatórias recorrentes. Ao redor desse macrófago estão as células normais da pleura. Com o passar dos anos, as células mesoteliais que tiveram contato com esse macrófago portador da fibra podem se proliferar sem controle e, em uma dessas divisões, podem se transformar em células neoplásicas.’ A doença fica latente por um período e costuma aparecer após os 50 anos. Acomete mais homens do que mulheres, principalmente trabalhadores ou ex-funcionários de empresas que empregavam ou empregam asbesto em materiais como caixas d’água, telhas, forros, pisos e divisórias. A Organização Mundial da Saúde (OMS) emitiu alertas sobre o amianto, classificado como reconhecidamente cancerígeno e banido em diversos países, incluindo o Brasil, que só o proibiu em 2017, depois de anos de pressão das vítimas de doenças causadas pelo material, entre elas o mesotelioma pleural. Desde então, muitas vezes reunidos em associações, os afetados vêm processando empregadores. ‘Esse tumor tem várias implicações e uma delas é jurídica. Ao assinar um laudo de mesotelioma maligno, abre-se uma fronteira para ajudar o oncologista, o cirurgião, mas também para embasar processos trabalhistas. É um terreno no qual é preciso ser muito firme’, comenta a pesquisadora. Microambiente favorável A equipe confirmou a importância da mesotelina – como biomarcador e como alvo promissor no tratamento do mesotelioma – e ainda examinou sua relação com o sistema imunológico no cenário do microambiente tumoral. ‘Nossa ideia desde o início foi avaliar o microambiente tumoral e não a expressão gênica. Porque, se o microambiente tumoral não for favorável, a célula tumoral não progride. Esse cenário é importante para a célula se movimentar, invadir e se implantar em outros órgãos.’ Na busca de um tratamento promissor para a doença, os cientistas investigaram a expressão proteica
Asbestos: Um Desafio Contínuo na Saúde Pública
E, ainda, que a proteína seria um potencial alvo terapêutico. Leia Mais Como funciona o teste genético para câncer? Entenda e veja benefícios Casos de câncer colorretal mais que triplicaram em adolescentes em 20 anos Nova vacina para câncer potencializa resposta imune contra tumor cerebral ‘Existem vários outros alvos terapêuticos, mas essa proteína tem sido um candidato muito promissor, a ‘menina dos olhos’, tanto como marcador prognóstico quanto preditivo da doença, mas não é só isso. Ao inibi-la, vimos que é possível diminuir a proliferação celular e conter o crescimento tumoral’, revela Vera Luiza Capelozzi, uma das autoras do artigo. Ela explica que a exposição às fibras do asbesto destrói as células mesoteliais normais da pleura, membrana que reveste o pulmão. A doença se desenvolve a partir do efeito combinado entre as células da pleura e os macrófagos (células de defesa) que fagocitam as fibras do asbesto. ‘O asbesto é um silicato que tem a estrutura semelhante à de um cristal. Quando a fibra de asbesto é inalada, o macrófago, nossa principal célula de defesa, fagocita essa fibra, mas não consegue destruí-la. Com o tempo, ocorrem reações inflamatórias recorrentes. Ao redor desse macrófago estão as células normais da pleura. Com o passar dos anos, as células mesoteliais que tiveram contato com esse macrófago portador da fibra podem se proliferar sem controle e, em uma dessas divisões, podem se transformar em células neoplásicas.’ A doença fica latente por um período e costuma aparecer após os 50 anos. Acomete mais homens do que mulheres, principalmente trabalhadores ou ex-funcionários de empresas que empregavam ou empregam asbesto em materiais como caixas d’água, telhas, forros, pisos e divisórias. A Organização Mundial da Saúde (OMS) emitiu alertas sobre o amianto, classificado como reconhecidamente cancerígeno e banido em diversos países, incluindo o Brasil, que só o proibiu em 2017, depois de anos de pressão das vítimas de doenças causadas pelo material, entre elas o mesotelioma pleural. Desde então, muitas vezes reunidos em associações, os afetados vêm processando empregadores. ‘Esse tumor tem várias implicações e uma delas é jurídica. Ao assinar um laudo de mesotelioma maligno, abre-se uma fronteira para ajudar o oncologista, o cirurgião, mas também para embasar processos trabalhistas. É um terreno no qual é preciso ser muito firme’, comenta a pesquisadora. Microambiente favorável A equipe confirmou a importância da mesotelina – como biomarcador e como alvo promissor no tratamento do mesotelioma – e ainda examinou sua relação com o sistema imunológico no cenário do microambiente tumoral. ‘Nossa ideia desde o início foi avaliar o microambiente tumoral e não a expressão gênica. Porque, se o microambiente tumoral não for favorável, a célula tumoral não progride. Esse cenário é importante para a célula se movimentar, invadir e se implantar em outros órgãos.’ Na busca de um tratamento promissor para a doença, os cientistas investigaram a expressão proteica
Fonte: © CNN Brasil
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