Cães treinados para alertar sintomas de estresse pós-traumático; eficaz detecção de sinais físicos e comportamentais após evento catastrófico.
Em uma pesquisa recente, cães de serviço foram submetidos a um treinamento especial para detectar sinais de estresse pós-traumático através do hálito dos humanos. A intenção por trás desse experimento era investigar a capacidade desses animais em identificar precocemente os sintomas do transtorno, permitindo que intervenções fossem realizadas de forma mais eficaz e rápida.
Os resultados surpreenderam os pesquisadores, que observaram que o cachorro de serviço conseguia identificar os sinais de estresse pós-traumático com uma precisão impressionante. Isso ressalta a incrível sensibilidade desses animais e o potencial que possuem para auxiliar no cuidado emocional de indivíduos que sofrem com esse tipo de transtorno. Além disso, reforça a importância de explorar novas formas de aproveitar as habilidades naturais dos cães para beneficiar a saúde mental das pessoas.
Cães de Serviço: Importância e Eficiência
E tudo indica que é uma opção viável: uma das cadelas foi capaz de farejar com sucesso a adrenalina, um dos hormônios liberados pelo cérebro em situações de luta e fuga e que possibilita o diagnóstico do quadro. Os resultados foram publicados na Frontier, importante editora de artigos científicos, nesta quinta-feira, 28.
Atualmente, os cachorros de serviço ou de assistência são treinados para alertar somente sintomas físicos e comportamentais da condição. No entanto, se eles fossem capazes de identificar os sinais mais prontamente, a intervenção seria mais eficaz. O transtorno de estresse pós-traumático surge da exposição a um evento catastrófico ou assustador.
Os sintomas incluem revivenciar esse acontecimento por meio de lembranças repentinas (flashbacks), resposta exagerada a estímulos externos, evitar e fugir de qualquer situação que relembra o trauma, ansiedade e humor deprimido. Entre outras formas de assistência, os cães podem ajudar os pacientes alertando e interrompendo episódios quando seus tutores estão sentindo os sintomas.
Cachorros: Uma Ajuda Importante para a Saúde Mental
Humanos estressados têm um ‘cheiro característico’ O nariz sensível dos cães já é utilizado para detectar os primeiros sinais de condições médicas potencialmente perigosas, como uma convulsão iminente ou hipoglicemia súbita. O novo experimento, por sua vez, representa a primeira evidência de que cães podem farejar flashbacks, sintomas muito comuns da condição.
Todos os humanos têm um ‘perfil de cheiro’ formado por compostos orgânicos voláteis (COVs) — moléculas emitidas pelo corpo em secreções como suor — influenciado por nossa genética, idade, atividades e outras variáveis. Há algumas evidências de que cachorros podem ser capazes de detectar COVs relacionados ao estresse humano.
No entanto, nenhum estudo havia investigado se os cães poderiam aprender a identificar os compostos associados aos sintomas do estresse pós-traumático. A coleta de dados, ou melhor, de cheiros Os cientistas recrutaram 26 voluntários humanos como ‘doadores de cheiro’. Destes, 54% atenderam aos requisitos de diagnóstico para transtorno do estresse pós-traumático.
Para fornecer uma amostra do seu cheiro, eles compareceram a sessões onde foram lembrados de suas experiências traumáticas enquanto usavam diferentes máscaras faciais, que faziam a coleta do cheio liberado pelo corpo, odor-alvo do experimento. Outra máscara, que servia como controle no estudo, fornecia uma amostra de respiração calma.
Estudo Promissor: Cães de Serviço Fazendo a Diferença
Os participantes também preencheram um questionário sobre seus níveis de estresse e emoções. Continua após a publicidade Enquanto isso, os cientistas recrutaram 25 cães de estimação para treinamento em detecção de odores. Apenas dois foram habilidosos e motivados o suficiente para completar o estudo: Ivy e Callie.
Os animais foram treinados para reconhecer o odor-alvo a partir de fragmentos das máscaras faciais, alcançando 90% de precisão na discriminação entre uma amostra com o cheio do estresse e a outra amostra da máscara-controle. A dupla canina, então, foi apresentada a uma série de amostras, uma de cada vez, para ver se ainda conseguiam detectar com precisão os COVs de estresse.
Neste segundo experimento, Ivy alcançou 74% de precisão e Callie alcançou 81% de precisão. Achados e próximos passos Comparando as identificações bem-sucedidas de Callie e Ivy com as emoções autodeclaradas dos participantes humanos, revelou-se que o desempenho de Ivy correlacionava-se com a ansiedade, enquanto o de Callie correlacionava-se com a vergonha.
Assim, os cientistas supõem que Ivy estava sintonizada com os hormônios ligados a situações de luta ou fuga, como a adrenalina, e que Callie estava orientada para os hormônios relacionados com eventos de estresse, caso do cortisol.
Este é um achado importante para o treinamento de cães de serviço, já que alertar para sintomas precoces do transtorno requer sensibilidade aos hormônios liberados pela mesma região do cérebro de onde sai a adrenalina.
Avanços na Detecção de Odores: Cães de Assistência no Combate ao Estresse
Agora, a equipe planeja realizar mais experimentos para confirmar o envolvimento da região do cérebro responsável por respostas de luta ou fuga, além de realizar uma outra versão do estudo, mas com mais participantes e mais amostras de odor. Os cientistas frisam ainda que, para validar suas hipóteses, precisam analisar um número maior de cheiros provenientes de estresse.
Dessa forma, eles poderão avaliar se os cães são capazes, de fato, de detectar confiavelmente COVs de estresse no hálito de um ser humano em diferentes contextos.
Esquizofrenia: Benefícios dos Cães de Serviço
Este ano, um vídeo se popularizou no Tiktok — com mais de 25 milhões de visualizações — no qual um homem com esquizofrenia filmou o momento em que sua cadela de serviço, Luna, veio em seu auxílio depois que ele começou a ter alucinações visuais.
Continua após a publicidade A esquizofrenia é uma condição de saúde mental que se manifesta através da audição de vozes, percepção visual de coisas que não são reais (alucinações), de falsas convicções (delírios), pensamentos que não condizem com a realidade, uma piora na cognição, entre outras características.
Kody Green (@schizophrenichippie), americano palestrante e militante em prol da saúde mental, foi diagnosticado com o transtorno aos 21 anos. Luna, que aparece no vídeo, é um cão de serviço psiquiátrico que chegou a Green quando ainda era um filhote.
Fonte: @ Veja Abril
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