Instituto do Sono avaliou pessoas de 20 a 80 anos quanto a sintomas secundários de depressão, riscos genéticos, clínica e tratamentos.
Uma pesquisa recente realizada por especialistas do Centro do Sono descobriu que a insônia não se limita a ser apenas um sintoma secundário da depressão, mas sim uma parte essencial dessa condição de saúde mental.
Indivíduos que sofrem com dificuldade para dormir podem estar lidando com um distúrbio do sono mais profundo do que imaginam, conforme apontado por esse estudo revelador. A insônia pode desempenhar um papel significativo nas questões relacionadas à saúde mental, exigindo uma abordagem mais abrangente e cuidadosa para o tratamento adequado.
Estudo revela ligação entre risco genético e sintomas de insônia e depressão
Uma análise minuciosa da relação entre o risco genético para distúrbios do sono e sintomas de depressão foi realizada em uma amostra do Estudo Epidemiológico do Sono de São Paulo, que incluiu participantes com idades entre 20 e 80 anos. Os voluntários passaram por uma avaliação clínica detalhada, uma polissonografia noturna completa e responderam a uma série de questionários sobre seu padrão de sono. Além disso, houve a coleta de amostras de sangue para análise de DNA e genotipagem, visando calcular o risco genético dessas pessoas para problemas de sono e sintomas depressivos.
Durante o Sleep 2024, realizado durante a 38ª Reunião Anual das Sociedades Profissionais Associadas de Sono, nos Estados Unidos, os resultados dessa pesquisa foram apresentados. Foi constatado que a privação de sono ocasional não aumenta o risco de desenvolver depressão, mas a insônia crônica sim. Indivíduos com sintomas depressivos graves e insônia crônica mostraram menor resposta aos tratamentos convencionais para depressão. Também foi observado que pessoas com insônia têm maior probabilidade de desenvolver depressão no futuro.
Mariana Moysés Oliveira, uma das pesquisadoras responsáveis pelo estudo, ressaltou a importância das descobertas, que são inéditas. Ela destacou que a insônia e os sintomas depressivos compartilham bases genéticas semelhantes, o que evidencia a relevância de tratar os distúrbios do sono como parte central da depressão, e não como um problema secundário.
Para chegar a essas conclusões, foi utilizado um modelo estatístico chamado escore poligênico, que possibilita prever o risco de doenças complexas considerando múltiplas variantes genéticas. Os resultados revelaram que os escores poligênicos foram eficazes em identificar grupos de alto e baixo risco para problemas de sono e depressão. Indivíduos com distúrbios do sono mais acentuados tendiam a apresentar sintomas depressivos mais graves. O aumento do risco genético para distúrbios do sono também se correlacionou com um maior risco genético para sintomas depressivos.
Mariana enfatizou que os genes envolvidos nos escores poligênicos das duas condições se sobrepõem, indicando uma forte correlação genética entre insônia e depressão. Essas descobertas têm potencial para orientar políticas de saúde pública, permitindo a implementação de estratégias que favoreçam a identificação precoce e o tratamento integrado desses distúrbios, o que pode resultar em uma redução significativa do impacto dessas condições na sociedade.
A pesquisadora acredita que os resultados obtidos poderão contribuir para o desenvolvimento de novos protocolos clínicos que abordem de maneira integrada a saúde mental e a qualidade do sono, abrindo novas perspectivas para a pesquisa científica e proporcionando uma compreensão mais aprofundada das causas desses problemas de saúde. Além disso, o uso de informações genéticas para prever a predisposição a essas condições pode permitir a identificação de indivíduos em risco antes mesmo que os sintomas se manifestem.
Fonte: @ Agencia Brasil
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