Confiar nos instintos é essencial para o sucesso, mesmo no universo dos negócios, em meio a temas atuais e novas competências necessárias.
Já parou para pensar na importância da intuição em nossas vidas? Em meio a tantas informações e acontecimentos, é fundamental confiar nesse guia interno que nos direciona mesmo sem explicação lógica. A intuição nos leva por caminhos inesperados, nos ajuda a tomar decisões difíceis e a enxergar além do óbvio.
Além da intuição, a presença de sentimentos também desempenha um papel crucial em nossa jornada. A percepção aguçada das emoções nos permite compreender o mundo de forma mais profunda, nos conectando com o que realmente importa. Às vezes, basta um simples palpitar para nos guiar na direção certa, mostrando que há muito mais do que podemos ver superficialmente.
Intuição e a Sensibilidade dos Líderes Empresariais na Era da Pandemia
Sei que é até heresia falar em ‘lado bom da pandemia’, mas existe ao menos um, palpável e bem-vindo: os líderes empresariais ficaram mais sensíveis. Tiveram que. Em uma live, na época pandêmica, um CEO, obviamente exagerando – mas de forma muito acertada –, pontuou: ‘Com a Covid-19, descobrimos que temos funcionários, fornecedores…’.Dito com outras palavras: ‘Tivemos que nos voltar às pessoas, sermos mais empáticos, próximos, humanos’. Claro que ninguém muda do dia para a noite; há traços estruturais de personalidade, mas, ao menos, não é mais aceitável um gestor que foque apenas nas entregas, e esqueça que quem as entrega são as pessoas.
Nesta conversa, estamos falando também de novas competências que passaram a ser valorizadas, esperadas e até exigidas no mundo corporativo. O estudo ‘Seeking New Leadership’ é a minha principal referência no tema. Foi desenvolvido em 2020 pelo Forum of Young Global Leaders e Global Shapers Community (no âmbito do Fórum Econômico Mundial), em colaboração com Accenture, ouvindo mais de 20 mil pessoas globalmente por meio de grupos de discussão on line com as gerações Y e Z, pesquisas qualitativas e quantitativas, entrevistas com líderes e CEOs e análises de bancos de dados.
O trabalho propõe o ‘Modelo de Cinco Elementos’, com as qualidades necessárias para que as lideranças naveguem bem na próxima década. São elas: Inclusão de Stakeholders, Emoção e Intuição, Missão e Propósito, Tecnologia e Inovação e Intelecto e Percepção.
Quando apresento esse conteúdo em minhas aulas e palestras, provoco: ‘Intuição é coisa de mulher, né?’, evocando uma ‘verdade’ que sempre ouvi. Para rapidamente completar: ‘Não, é coisa do ser humano’. E uma ‘coisa’ que vem fazendo a diferença nos resultados. Veja como o documento descreve essa competência: Emoção e Intuição: Desbloquear o comprometimento e a criatividade sendo verdadeiramente humano, mostrando compaixão, humildade e abertura: • as pessoas são incentivadas a usar seu instinto e imaginação • a humildade desarma os stakeholders por meio da honestidade sobre limites pessoais ou vulnerabilidades • as pessoas são tratadas como fim, e não meio, inspirando engajamento emocional Lendo o estudo, me projetei para o início da minha carreira, há quase três décadas. Certamente, seria impensável, e até malvisto, estimular nos times o instinto, o acreditar em algo não palpável ou quantificável. E cá chegamos. Em 2024, vejo expoentes empresariais falando sobre intuição.
Um exemplo vem do fundador da Arezzo, Anderson Birman, em entrevista ao jornalista Celso Masson, na revista IstoÉDinheiro, de novembro de 2023, sobre o lançamento de sua biografia. Quando perguntado sobre quais qualidades ele considerava as mais importantes para um gestor ter sucesso no meio da moda, sua resposta foi: ‘A intuição, que é algo impossível de se medir, mas fundamental em um negócio que precisa de criatividade para antecipar o que as clientes vão querer no futuro’. Alguns podem argumentar que no meio da moda é crucial ter essa presença de sentimentos, percepção e palpitar para se destacar entre tantas opções.
A intuição, nesse contexto, é como um farol que guia os líderes empresariais em meio às tempestades das tragédias climáticas e dos desafios enfrentados. Os temas atuais exigem uma abordagem mais holística, onde a intuição se une à racionalidade na tomada de decisões. Os líderes que conseguem integrar esses elementos têm mais chances de prosperar em um mundo em constante transformação.
É interessante observar como a intuição, muitas vezes subestimada, está se tornando uma habilidade essencial para os líderes do futuro. A presença de sentimentos, percepção e palpitar são aspectos que complementam a intuição, tornando-a uma ferramenta poderosa na caixa de habilidades dos líderes empresariais. Em um cenário onde a incerteza é a única certeza, a capacidade de confiar na intuição pode ser o diferencial entre o sucesso e o fracasso.
Os líderes empresariais que reconhecem a importância da intuição estão se preparando para os desafios que o futuro reserva. Ao integrar a intuição em suas práticas de liderança, estão adotando uma abordagem mais humana e compassiva, que leva em consideração não apenas os aspectos tangíveis, mas também as nuances sutis que permeiam as relações e decisões no ambiente corporativo. Em um mundo cada vez mais complexo e interconectado, a intuição se destaca como uma bússola confiável, orientando os líderes em direção a caminhos inexplorados e oportunidades inovadoras.
A intuição, aliada à presença de sentimentos, percepção e palpitar, é uma força motriz que impulsiona a evolução dos líderes empresariais em um cenário de constantes mudanças e desafios. Ao abraçar esses aspectos mais sutis e emocionais, os líderes estão expandindo suas capacidades e se preparando para enfrentar os desafios do futuro com resiliência e sabedoria. Em um mundo onde a única constante é a mudança, a intuição se revela como um recurso valioso que guia os líderes em direção a um futuro mais promissor e sustentável.
Fonte: @ Valor Invest Globo
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