O resgate do investidor estrangeiro na bolsa brasileira retrata temores de risco e ciber-segurança, com impacto no controle fiscal e retorno da oferta.
Quem analisa o cenário da bolsa de valores brasileira no primeiro semestre percebe um quadro desafiador. O desempenho do Ibovespa caiu quase 8% nesse período. Para o investidor estrangeiro, as perdas foram ainda mais significativas, chegando a 19,5% em dólar, enquanto os mercados emergentes tiveram alta de 6% e o S&P 500 registrou um crescimento de 14,5%.
Essa volatilidade tem impactado a confiança do investidor internacional. Apesar das oportunidades, o investidor de fora tem sido cauteloso ao considerar o mercado brasileiro. A busca por informações precisas e estratégias sólidas torna-se essencial para navegar nesse ambiente desafiador.
Investidor Estrangeiro: Retrato da Bolsa em Meio ao Temor de Risco Fiscal
O cenário externo difícil e o crescimento do temor de risco fiscal por aqui ‘fizeram preço’. Mas não foi só isso. A escassez de empresas ligadas aos temas do momento, como inteligência artificial (IA), biotecnologia (com a a novíssima indústria do emagrecimento), indústria aeroespacial, ciber-segurança, também impactou negativamente a bolsa local. A avaliação é da Kinea Investimentos e consta no lançamento de sua carta de ações, que, a partir de agora, terá publicação trimestral.
Para a gestora, o resgate acumulado do investidor estrangeiro da bolsa brasileira espanta, mas chama menos atenção pelo volume e mais pelo ‘movimento errático do fluxo estrangeiro de entrada e saída na nossa bolsa’. A presença do investidor internacional, investidor de fora, é notável, refletindo um cenário de incerteza e angústia, seja pela falta de visibilidade de controle fiscal por parte do governo brasileiro, seja por uma oferta de retorno ajustado ao risco mais atrativo em mercados desenvolvidos ou ainda por simples falta de temas de investimento modernos e interessantes.
Os profissionais de renda variável da Kinea consideram ‘um exagero’ dizer que os mercados emergentes, como o Brasil, saíram de moda, após quase duas décadas de boa performance da bolsa americana. Eles lembram que, entre 2016 e 2019, o MSCI Brazil, índice que reúne cerca de 50 das maiores companhias locais, entregou um retorno de 166%, enquanto o S&P 500 não mais que 70%. Estendendo a análise até o fim de 2023, ambos entregam um retorno cumulado de 170%, aproximadamente.
Não nos parece verdade os argumentos de que o investidor estrangeiro está deixando por completo os investimentos em ações no Brasil. Mas nos parece que o investidor estrangeiro tem optado por carregar no Brasil, uma economia que há tempos decepciona em termos crescimento e reformas estruturantes que nos permita sermos mais pró-negócios, aquilo que talvez seja a vocação do nosso mercado: nomes de valor e de carrego. Eles notam, ainda, que há uma queda do ‘home bias’ (viés de familiaridade, em português) no mundo todo, ou seja, um declínio da tendência dos investidores preferirem ativos financeiros de seu próprio país, em detrimento de diversificar internacionalmente.
Atualmente, os investidores estrangeiros representam 55% do volume diário médio transacionado na B3, ao considerar somente o mercado à vista de ações, e somam 37% do estoque de custódia. Por outro lado, a gestora entende que os investidores estão procurando por exposição a oportunidades de crescimento, por conta de diferentes temas que não são possíveis de serem investidos em um único mercado somente. E aí é que o Brasil fica pra trás. A beleza da diversificação é a busca por uma melhor relação entre retorno e risco e tem como uma das vantagens a redução do risco, principalmente a do risco específico. A diversificação é, principalmente, uma busca por temas de investimento que não temos como nos posicionar somente através das pouco mais de 100 empresas com razoável liquidez na bolsa brasileira. Esse cenário é, na visão da
Fonte: @ Valor Invest Globo
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