Detecção de poliovírus em seis amostras de água residual em setembro passado; agente causador de paralisia infantil; surto não respondido.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgou hoje que o poliovírus foi identificado em seis amostras coletadas em Gaza, localidade impactada pelo conflito entre Israel e o grupo terrorista Hamas desde outubro do ano passado.
O vírus causador da poliomielite é uma preocupação global, e a detecção do poliovírus em Gaza ressalta a importância da vacinação e da vigilância contínua para prevenir a propagação da doença.
Surto de Poliovírus Preocupa Autoridades de Saúde
De acordo com a entidade responsável, o agente causador de poliomielite, o poliovírus, ainda não foi identificado em seres humanos e, até o momento, não há registros de paralisia. No entanto, há um risco iminente de propagação tanto localmente quanto em nível internacional, caso este surto não seja contido de forma rápida. A notificação à entidade foi realizada pela Rede Global de Laboratórios da Poliomielite (GPLN) na semana passada, após a detecção de seis isolados circulantes do poliovírus tipo 2 (cVDPV2) em amostras ambientais nas províncias de Deir al-Balah e Khan Younis.
A coleta das amostras foi feita em águas residuais no final de junho, indicando a circulação do vírus na região. Esta área tem enfrentado deslocamentos em massa da população e colapso do sistema de saúde devido aos ataques do grupo Hamas terrorista. As amostras foram enviadas para os Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos Estados Unidos para realização de sequenciamento genômico adicional, confirmando uma ligação genética entre elas. Além disso, as amostras estão relacionadas ao poliovírus tipo 2 detectado em circulação no Egito no segundo semestre do ano passado.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a análise das alterações genéticas nas amostras sugere que a variante do poliovírus pode ter sido introduzida em Gaza em setembro do ano passado. O cVDPV2, apesar de não ser a forma selvagem do poliovírus, é uma variação que surge a partir da vacina oral, substituída globalmente em 2016 por uma versão com o vírus inativado para prevenir infecções pelo vírus excretado nas fezes.
Mesmo sendo uma forma atenuada, o cVDPV2 representa um risco significativo em regiões com baixas taxas de vacinação ou afetadas por conflitos, como é o caso de Gaza. A deterioração do sistema de saúde, a falta de segurança, a obstrução do acesso aos serviços médicos e a escassez de recursos estão aumentando a vulnerabilidade a doenças evitáveis, incluindo a poliomielite.
O diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, alertou sobre a situação nas redes sociais, destacando que antes do conflito, as taxas de vacinação contra a pólio em Gaza eram satisfatórias. A poliomielite é a única doença classificada como Emergência de Saúde Pública de Importância Internacional (PHEIC) pela OMS, mantendo esse status desde 2014, o período mais longo desde a criação do mecanismo em 2005.
A declaração foi feita diante do aumento de casos de poliovírus selvagem, ameaçando os esforços globais de erradicação da doença estabelecidos em 1988. Naquela época, a poliomielite causava paralisia em mil crianças por dia, tornando urgente a contenção desse surto não respondido.
Fonte: @ Veja Abril
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