Beneficiários de planos com doenças raras sofrem rescisões por critérios técnicos e financeiros. Novos contratos têm prazos de carência.
Desde o final de abril, clientes de planos de saúde têm recebido notificações inesperadas sobre a interrupção repentina do plano e a recomendação de buscar uma nova empresa até o final de maio.
Em meio a essa situação, é fundamental garantir a continuidade da cobertura saúde e a escolha de um novo convênio que atenda às necessidades dos segurados. A busca por médicos e hospitais credenciados é essencial para manter a qualidade do atendimento médico.
Impactos nos Planos de Saúde e na Assistência Médica
A situação, que já seria preocupante para quem faz acompanhamentos de rotina e conta com rede referenciada conhecida, tem causado angústia em pessoas que necessitam de atendimento contínuo e terapias específicas, caso de pacientes com Transtorno do Espectro Autista (TEA) e doenças raras. Em nota, as operadoras informam que interrupção ocorre ‘dentro da legalidade’ e tem como base critérios técnicos. Contratos que levam a impactos financeiros também são citados (leia mais abaixo). A rescisão de contratos de planos de saúde está prevista por uma lei de 1998 e pelas regras da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), responsável pela regulação do setor.
Desafios para os Beneficiários de Planos de Saúde
A portabilidade prevê que o novo plano não terá necessidade de cumprir novos prazos de carência. No caso dos planos individuais e familiares, modalidade rara atualmente, o cancelamento pode ocorrer apenas em casos de inadimplência ou fraude. Nos planos coletivos, tanto empresariais quanto por adesão, a história muda. Toda a carteira de beneficiários pode ser excluída se houve solicitação da pessoa jurídica que contratou o benefício e regras para suspensão devem estar previstas em contrato, contanto que haja comunicação com 60 dias de antecedência.
Discussões sobre a Assistência à Saúde e os Planos de Saúde
Os termos do contrato têm regido as decisões de interromper a assistência à saúde e têm afetado usuários de planos de grande porte, como Amil e Unimed Nacional. ‘Na tentativa de encontrar a viabilidade financeira dos contratos, as operadoras excluem esses beneficiários, criando um espaço para discussão dessa prerrogativa prevista em lei, mas que vai de encontro com a concepção do que é o acesso à saúde formada pela sociedade’, diz Nycolle Araújo Soares, CEO do Lara Martins Advogados e especialista em Ética e Compliance na Saúde.
Aumento nas Reclamações por Cancelamento de Planos de Saúde
A partir do ano passado, houve um salto no número de queixas por cancelamento unilateral registradas na ANS. Segundo a agência, entre janeiro e abril deste ano, foram feitas 5.888 reclamações, um crescimento de 30,9% em relação ao mesmo período do ano passado. Em todo o ano de 2023, foram contabilizadas 15.279 reclamações. Em 2022, foram 11.096. As queixas também têm se espalhado para a esfera política. Dois pedidos para instauração de CPI contra planos de saúde foram protocolados após a onda de cancelamento e relatos de casos que chegaram a parlamentares na Câmara dos Deputados e na Assembleia Legislativa de São Paulo. Na Câmara, ao menos duas audiências públicas debateram o tema nas duas últimas semanas.
Relatos de Mães sobre Cancelamento de Planos de Saúde
A vendedora Cristiane Ferraz, de 46 anos, se juntou a um grupo de pais nesta quarta-feira, 22, para protestar na sede da Amil, em São Paulo. Mãe de Lorenzo, de 12 anos, ela conta que paga R$ 5.300 de plano de saúde e, em 30 de abril, recebeu a notificação de que a assistência seria cancelada. A criança, diagnosticada com doença de Huntington (coreia de Huntington), uma condição rara que afeta células nervosas do cérebro.
Fonte: @ Veja Abril
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