Aumento de acidentes com animais peçonhentos preocupa devido à transmissão de doenças por água contaminada.
Pesquisadores do Observatório de Clima e Saúde do Instituto de Comunicação e Informação em Saúde da Fiocruz (Icict/Fiocruz) destacam, em comunicado técnico, o aumento da ocorrência de doenças infecciosas (covid-19, gripes e resfriados e tuberculose), enfermidades gastrointestinais (hepatite A e diarreia infecciosa), patologias transmitidas por vetores (especialmente a dengue) e leptospirose entre os habitantes do Rio Grande do Sul.
A prevenção de problemas de saúde contagiosos é fundamental para a proteção da população. É essencial adotar medidas de higiene e evitar aglomerações para reduzir a propagação de enfermidades infecciosas. A conscientização e a colaboração de todos são essenciais para enfrentar os desafios relacionados às doenças contagiosas.
Alerta sobre o aumento de doenças infecciosas após as enchentes
Outro perigo que surge após as enchentes é o aumento significativo de acidentes com animais peçonhentos, que acabam invadindo as residências junto com a baixa das águas. Historicamente, áreas como os vales, a depressão central e o litoral norte do estado apresentam uma maior incidência de enfermidades contagiosas causadas por esses animais.
Com o aumento do nível das águas, é esperado que ocorram mais acidentes envolvendo aranhas e serpentes, o que também eleva o risco de transmissão de doenças infecciosas, como leptospirose, diarreias e dengue, transmitidas por água contaminada e vetores. Essas patologias estão mais concentradas no verão, mas podem se estender nos próximos meses devido às mudanças ambientais provocadas pelas intensas chuvas e enchentes.
Diego Xavier, pesquisador do Observatório de Clima e Saúde, ressalta: ‘A sobreposição desses riscos, nas mesmas áreas e no mesmo período, demanda do sistema de saúde uma maior capacidade de realizar diagnósticos diferenciais e identificar os casos mais graves, que podem necessitar de internação hospitalar ou tratamento especializado.’
Christovam Barcellos, também pesquisador do Observatório, acrescenta: ‘A atenção também deve ser voltada para a saúde mental dos desabrigados, profissionais e voluntários envolvidos na emergência. As perdas materiais e/ou de entes queridos podem desencadear um aumento de casos de transtorno de estresse pós-traumático, depressão e ansiedade.’
É importante destacar que as doenças crônicas, como diabetes, hipertensão, doenças cardiovasculares e transtornos mentais, podem se agravar devido à interrupção do acesso a medicamentos e cuidados médicos regulares. Além disso, a aglomeração nos abrigos, as obras de recuperação das áreas afetadas e o contato com água contaminada são fatores que contribuem para o aumento dos problemas de saúde.
A nota técnica também aponta a presença de 1.518 estabelecimentos potencialmente poluidores na área inundada, como indústrias, terminais de transporte, obras civis, estabelecimentos comerciais e depósitos. A invasão desses locais pelas enchentes pode expor a população a substâncias tóxicas nos meses seguintes ao desastre.
Diante desse cenário, é fundamental que o sistema de saúde implemente medidas coletivas de cuidado, como campanhas de vacinação, fornecimento de água potável e instalações sanitárias adequadas nos abrigos, controle de vetores, acesso contínuo a medicamentos e cuidados médicos para os doentes crônicos, além de serviços de apoio à saúde mental da população e dos profissionais envolvidos na emergência.
Fonte: @ Agencia Brasil
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