Reforma de €300 milhões do edifício Montparnasse, adiada para 2028. Desafio de realocar milhares para os Jogos de Los Angeles.
PARIS — Uma das características mais marcantes de Paris é a preservação de sua arquitetura desde a reforma urbana do século 19, realizada sob o comando de Napoleão III. A cidade ganhou sua identidade atual nesse período, tornando-se um símbolo de elegância e história.
Na capital francesa, a maioria dos prédios e monumentos mantém a beleza e grandiosidade da época de sua construção. No entanto, há uma exceção que chama a atenção dos visitantes e moradores locais. Paris é uma cidade que respira história em cada esquina, revelando segredos e curiosidades a cada passo dado por suas charmosas ruas.
Paris: Capital Francesa e a Reforma Urbana do Edifício Montparnasse
No mesmo horizonte em que se vê a Torre Eiffel, o Panteão, a Catedral de Notre-Dame e outros cartões-postais mundialmente famosos, destaca-se também o edifício Montparnasse, o único e o mais odiado arranha-céu de Paris. Em 2016, a Ensemble Immobilier Tour Maine-Montparnasse (EITMM), proprietária do prédio, lançou um concurso para refazer a fachada do prédio. O objetivo era encontrar um projeto que conseguisse ‘encaixar’ o edifício na paisagem de Paris. Pelos planos iniciais, a obra deveria terminar a tempo de apresentar o novo Montparnasse na Olimpíada 2024. Mas, a menos de um mês do início dos jogos, Paris segue com aquela ‘cicatriz’ horrenda, como definem os moradores da cidade. Agora, o prazo para entrega da reforma é 2028. O atraso é justificado, em parte, pelo desafio de realocar milhares de pessoas que trabalham diariamente, no espigão de aço e vidro. Erguido em 1973, o prédio comercial de 210 metros de altura é como um monólito de janelas pretas, desproporcionalmente alto.
Com 59 andares de escritórios, o edifício já teve entre seus inquilinos os presidentes François Mitterrand (1916-1996), Jacques Chirac (1932-2019) e Emmanuel Macron. Projetado por Jean Saubot, Eugène Beaudouin, Urbain Cassan e Louis de Hoÿm de Marien, era para ser o mais moderno de Paris e servir a uma nova geração de empresários, que despontava nos anos 1970. Naquela época, o pensamento vigente era o de que a cidade precisava atualizar sua arquitetura e adequá-la aos novos tempos. No entanto, mesmo antes da conclusão da obra, o edifício, autorizado pelo então presidente Georges Pompidou (1911-1974), já despertava indignação e repulsa.
O ‘trauma’ foi tanto que, quatro anos depois de sua construção, a Câmara Municipal de Paris proibiu novos prédios com mais de 37 metros de altura. A melhor vista Os parisienses são historicamente conhecidos por se oporem a grandes mudanças na aparência da cidade. A Torre Eiffel foi recebida com muitas críticas quando ficou pronta para a Expo Paris de 1889. Mais recentemente, na década de 1980, a famosa pirâmide de vidro do Museu do Louvre também não escapou de protestos; tida como muito ‘radical’. A ira em torno do arranha-céu, portanto, não é um caso isolado. A diferença é que a revolta da opinião pública não abrandou com o passar do tempo. Piada antiga, mas ainda em voga: o mirante do prédio tem a melhor vista de Paris porque é o único lugar da capital onde não se vê o Montparnasse. E o preço para não enxergá-lo é de € 24, por pessoa. Com 210 metros de altura, o arranha-céu é como um monólito de janelas pretas, desproporcionalmente alto (Crédito: Reprodução sortiraparis.com) Construído na década de 1970, o edifício destoa na paisagem de Paris O observatório no topo do prédio oferece uma das vistas mais bonitas da cidade, como essa do Arco do Triunfo. E, também porque de lá não dá para ver o Montparnasse, zombam os parisienses (Crédito: Reprodução tourmontparnasse56.com) No projeto de reforma, o topo do prédio será transformado em estufa.
Fonte: @ NEO FEED
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