Dia Mundial da Tuberculose em 24 de março, meta da OMS é eliminar a doença até 2030. A Covid-19 aumentou a resistência ao tratamento, com quantidade recorde de casos diagnosticados.
Em 2022, a tuberculose foi responsável por ceifar a vida de quase 16 indivíduos diariamente no Brasil, totalizando 5.824 mortes no período, um dado que ainda é considerado preliminar. Esse número representa uma triste marca histórica, sendo o maior em mais de duas décadas de monitoramento pelo Ministério da Saúde. Comparativamente, dez anos atrás, o país registrou 4.421 óbitos relacionados à tuberculose.
A Micobacterium tuberculosis, também conhecida como bacilo de Koch, é a bactéria responsável por causar a tuberculose, uma doença infectocontagiosa que ainda representa um grande desafio para os sistemas de saúde em todo o mundo. O controle efetivo da tuberculose demanda estratégias abrangentes e contínuas, visando a redução da transmissão e o tratamento adequado dos pacientes afetados pelo bacilo de Koch. A prevenção e o diagnóstico precoce são essenciais para o combate eficaz dessa grave doença.
Brasil registra 81.539 casos de tuberculose em 2022
O número de novos casos também continua crescendo: foram 81.539 registros em 2022, 3% a mais do que os 78.462 casos diagnosticados em 2019, antes da pandemia de Covid-19.
Os dados de 2023 ainda não foram divulgados pela pasta.Esse cenário coloca o Brasil muito distante de alcançar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, da Organização Mundial da Saúde (OMS), que são reduzir em 75% a mortalidade pela doença até 2025 e eliminá-la globalmente até 2030.
O compromisso brasileiro é diminuir até 2030 a incidência de tuberculose para menos de dez casos por 100 mil habitantes – atualmente o país tem a incidência de 38 casos por 100 mil.24 de março é o Dia Mundial da Tuberculose e o tema da campanha deste ano é ‘Sim, nós podemos acabar com a Tuberculose!’.
A dificuldade em atingir as metas da OMS e reduzir o número de casos e de mortes não é exclusiva do Brasil.
Apesar dos esforços dos governos, da vacina BCG (que protege contra as formas graves da doença) e dos tratamentos oferecidos, a tuberculose ainda é uma das principais causas de morte por agentes infecciosos do mundo, segundo o relatório mais recente da OMS, divulgado no final do ano passado.
Leia mais Inteligência artificial detecta insuficiência respiratória por análise de áudios Combate à tuberculose é um desafio para o Brasil, diz presidente de grupo de trabalho da OMS Tosse pode ser sintoma de diversas doenças; conheça os diferentes tipos De acordo com o documento, estima-se que 7,5 milhões de pessoas foram diagnosticadas com tuberculose no mundo em 2022 – o maior número desde que a doença começou a ser monitorada, em 1995.
Essa quantidade supera os 7,1 milhões de casos estimados de 2019. Ainda segundo a OMS, a Covid-19 impactou fortemente o registro de novos casos.
Durante a pandemia, muitos deles deixaram de ser diagnosticados e tratados e, por isso, pode haver o acúmulo de diagnósticos e de mortes nos próximos anos.
O que é a tuberculose?
A tuberculose é uma doença infectocontagiosa e transmissível causada pela bactéria Micobacterium tuberculosis, também conhecida como bacilo de Koch.
A forma mais comum de apresentação é a tuberculose pulmonar, já que a doença afeta prioritariamente os pulmões. Apesar disso, o bacilo da tuberculose pode acometer outros órgãos e sistemas, entre eles o sistema nervoso central, os gânglios linfáticos, o pericárdio, os ossos e a laringe, entre outros – essas formas são menos frequentes e são chamadas de tuberculose extrapulmonar.
Ambientes fechados e mal ventilados e aglomerações favorecem a transmissão.’A tuberculose pulmonar, além da laríngea, é a principal responsável pela manutenção da doença pela transmissão pessoa a pessoa por gotículas e aerossóis provenientes das vias respiratórias do indivíduo doente.
As formas extrapulmonares, não havendo acometimento pulmonar, não transmite de pessoa para pessoa’, explica a infectologista Emy Akiyama Gouveia, do Hospital Israelita Albert Einstein.Principais sintomasA suspeita da doença (da tuberculose pulmonar, a mais comum) normalmente acontece quando o paciente se queixa de tosse crônica por três semanas ou mais, associada a febre (geralmente no final do dia), emagrecimento e sudorese noturna.
O diagnóstico é feito com o exame de pesquisa do bacilo da tuberculose em três amostras de escarro, coletadas em três dias, e um raio X de tórax para avaliar o grau de acometimento dos pulmões.’Atualmente, em locais onde há a disponibilidade, também é possível realizar um exame molecular de pesquisa de DNA do bacilo nas amostras respiratórias, com ótima sensibilidade e cujo resultado fica pronto em até uma hora e meia.
Além da rapidez, o teste também consegue avaliar se o bacilo é resistente a um dos antibióticos importantes do arsenal terapêutico, no caso a rifampicina’, explica a médica do Einstein.Caso o paciente não consiga coletar o escarro, outra possibilidade é fazer um exame de broncoscopia com lavado broncoalveolar.
Se os resultados vierem positivos, é iniciado o tratamento com a combinação de vários antibióticos, que são distribuídos gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS).De acordo com a OMS, se a tuberculose não for tratada, a letalidade é alta – podendo chegar a 50% dos casos. Por outro lado, cerca de 85% dos casos tratados adequadamente evoluem para a cura.
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Ministério da Saúde adota medidas para combater a tuberculose
O Ministério da Saúde informou em nota que ‘o Brasil está entre os 13 países que conseguiram recuperar a detecção de pessoas com tuberculose após a pandemia de Covid-19, o que é fundamental para agilizar o tratamento dos pacientes’.O governo também atribui à pandemia o aumento nos óbitos.
‘Os serviços de saúde foram impactados pela emergência de saúde pública, possivelmente reduzindo sua capacidade em diagnosticar precocemente os casos ocorridos em 2020, resultando em condições clínicas mais graves da tuberculose e piores prognósticos no tratamento’, avalia.O Ministério da Saúde informou ainda que, ‘de forma inédita, 14 ministérios se reuniram para elaborar estratégias de eliminação da tuberculose e outras dez doenças e cinco infecções de transmissão vertical que acometem de forma mais intensa as populações em situação de vulnerabilidade social por meio do Comitê Interministerial para Eliminação da Tuberculose e Outras Doenças Determinadas Socialmente (CIEDDS), que foi instalado em abril de 2023.
Coordenado pelo Ministério da Saúde, o grupo tem previsão de funcionar até janeiro de 2030′.O governo acrescentou também que outra ação essencial para evitar casos graves de tuberculose é recuperar as altas coberturas da vacina BCG, que possui a indicação de uma dose para recém-nascidos. Até 2018, esse índice se mantinha acima de 95%, a meta estabelecida pelo ministério…
Fonte: © CNN Brasil
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