Biologo molecular Venki Ramakrishnan, em entrevista ao NeoFeed, critica obsesão de bilionários do Vale do Silício por “vencer a morte” através de finidade, longevidade e tecnologias de células vivas. Debate humanidade, infância, consciência, revolução, ciência envelhecimento, custos, éticas sociais, biologia molecular e investigações sobre envelhecimento. Fato ou exagero?
Nós somos a única espécie ciente da própria finitude. A descoberta de que um dia envelheceremos e enfrentaremos a morte, assim como nossos entes queridos, ocorre desde cedo. E essa realidade é tão impactante que muitos não recordam o exato instante em que se tornaram conscientes do fim. No entanto, o receio persiste e nos segue durante toda a existência.
E é durante o processo de envelhecimento que nos confrontamos com a idade avançada e a mortalidade de forma mais intensa. Lidar com as transformações da velhice e a proximidade da morte nos desafia a refletir sobre a efemeridade da vida e a importância de viver plenamente. Essa jornada nos lembra constantemente da fragilidade humana e da necessidade de valorizar cada momento, pois a morte é uma certeza que nos acompanha desde o início até o fim.
O desafio do envelhecimento e da morte na sociedade moderna
Em meio a diferentes abordagens, buscamos incessantemente formas de lidar com o envelhecimento, a mortalidade e a finitude da vida. A busca por prolongar a existência humana tem sido um tema recorrente ao longo dos séculos. A longevidade é considerada uma das grandes conquistas da humanidade, refletindo avanços significativos na ciência e na medicina.
No início do século 19, atingir a idade de 35 anos era um marco de longevidade. Com o passar dos anos, a expectativa de vida aumentou progressivamente, atingindo uma média mundial de 73 anos, com o Brasil registrando cerca de 76 anos. Essa evolução é resultado da revolução da ciência do envelhecimento, que permitiu a compreensão dos processos celulares que levam ao declínio da saúde e, eventualmente, à morte.
Apesar dos avanços, ainda nos deparamos com questões fundamentais: será possível um dia enganar o envelhecimento e as doenças para alcançar a imortalidade? E, se sim, quais seriam os custos sociais e éticos envolvidos nesse cenário de prolongamento da vida além dos padrões atuais?
Esses questionamentos são abordados de forma profunda no livro mais recente do renomado biólogo molecular Venki Ramakrishnan, intitulado ‘Why we die: The new science of aging and the quest for immortality’. Nesta obra, Ramakrishnan explora a biologia molecular do envelhecimento, oferecendo insights valiosos sobre as investigações em torno desse tema complexo.
Nascido em Chidambaram, na Índia, Ramakrishnan, aos 72 anos, é um cientista premiado, laureado com o Prêmio Nobel de Química em 2009. Em parceria com outros renomados pesquisadores, ele contribuiu significativamente para o entendimento da estrutura e função dos ribossomos, componentes celulares essenciais para a produção de proteínas em diversos organismos.
Ao longo das 320 páginas de seu livro, Ramakrishnan conduz os leitores por uma jornada fascinante pela biologia molecular do envelhecimento, destacando a importância de distinguir fatos de exageros nas pesquisas sobre o tema. Ele ressalta a ansiedade natural dos seres humanos em relação ao envelhecimento e à morte, alertando para a exploração econômica dessa preocupação.
Em uma sociedade que valoriza a juventude, somos constantemente bombardeados por promessas de retardar o envelhecimento. O autor critica o que chama de ‘cruzada anti-idade’, caracterizada por distorções e exageros na busca pela eterna juventude, muitas vezes impulsionada por bilionários da tecnologia.
A obra de Ramakrishnan lança luz sobre as complexidades do envelhecimento e da mortalidade, convidando os leitores a refletir sobre os desafios éticos e sociais envolvidos na busca pela longevidade. Em um mundo em constante evolução, a ciência do envelhecimento continua a ser um tema fascinante e relevante para a humanidade.
Fonte: @ NEO FEED
Comentários sobre este artigo