A gestora Tarpon, com 15% da Hidrovias, será crucial para modificar o “poison pill” de 20% para 40%, permitindo à Ultrapar avançar na empresa.
A notícia sobre a aquisição de parte da Hidrovias pela Ultrapar pegou o mercado de surpresa. A iniciativa da empresa de ampliar sua participação na companhia de logística aquaviária era algo que vinha sendo aguardado no meio empresarial.
A Ultrapar, uma das principais empresas do setor, mostrou mais uma vez sua estratégia audaciosa ao investir na Hidrovias. A movimentação no cenário das hidrovias mostra como as empresas estão buscando se consolidar no mercado de logística, cada vez mais competitivo.
Expansão de investidores na Hidrovias
A Hidrovias era um case que estava sendo estudado pelos executivos do grupo Ultra para reforçar sua exposição ao agronegócio. E, ao mesmo tempo, poderia ser uma porta de saída para o Pátria, que tem uma participação de mais de 20% na empresa através de seus fundos (a gestora não está saindo do negócio e deve manter ainda 10% da Hidrovias).
Para o negócio, agora, ser concretizado, há um fiel da balança. E ele se chama Tarpon, gestora que tem mais de 15% da Hidrovias. Explica-se: a oferta da Ultrapar – que está pagando R$ 3,98 por ação, um prêmio de quase 12% sobre o fechamento da ação na sexta-feira, 22 de março, e que equivale a um desembolso de R$ 500 milhões – precisa retirar da frente um obstáculo.
Esse obstáculo é a ‘poison pill’, que, no caso da Hidrovias, obriga qualquer acionista que atingir 20% do capital a fazer uma oferta por toda a empresa. A ideia do Ultra é chegar a 27%. A proposta, que deve ser discutida em uma assembleia de acionistas, é abrir uma exceção da ‘poison pill’ para a Ultrapar, abrindo caminho para que a dona dos postos Ipiranga possa chegar até 40%.
E, nesse jogo, a Tarpon será fundamental para aprovação pela sua relevância no capital social da Hidrovias. Até agora, a gestora não deu sinais de como deve atuar nessa questão. Outros nomes relevantes nesse xadrez é o Alaska Investimentos, com pouco mais de 5%, e o Morgan Stanley, que também tem mais de 5% da Hidrovias.
Expectativas do mercado com a expansão da Hidrovias
Uma fonte com a qual o NeoFeed conversou, que está comprada na ação, diz que está analisando o assunto, mas avalia que ‘seria justo em troca da retirada da ‘poison pill’ que a Ultrapar oferecesse uma OPA para que todos pudessem vender junto com o Pátria.’ A reação do mercado foi positiva.
A ação da Hidrovias subia mais de 12% por volta das 12 horas, com a companhia avaliada em mais de R$ 3 bilhões. O Bradesco BBI diz que a Ultrapar, com o negócio, expande sua presença em logística agroindustrial, uma das fronteiras de expansão que haviam destacado, com possibilidade de geração de sinergias.
O Citi é mais cauteloso em sua análise e diz vai esperar para ver como isso poderia potencialmente gerar valor para a empresa, uma vez que ainda não está claro como a estratégia e as oportunidades da Hidrovias do Brasil poderiam mudar. A Hidrovias, atualmente, tem dois negócios principais.
Um deles é o corredor Norte (Itaituba-Barcarena, ambas no Pará), que escoa a safra de grãos do Mato Grosso e do Pará. O outro, o corredor Sul, transporta minério de ferro por meio da hidrovia do Rio Paraná. Além desses, a Hidrovias atua com cabotagem, realizando transporte de minérios, principalmente bauxita, originados no Pará e destinados para exportação.
Em Santos, conta com uma área destinada para recebimento, armazenamento e expedição de sal e fertilizantes. Relacionados Seca pode ‘secar’ os resultados da Hidrovias do Brasil Voltz, investida do Ultra e da Creditas, entra em curto-circuito Por que o Grupo Ultra montou uma posição (secreta) na Hidrovias
Fonte: @ NEO FEED
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