Pesquisadores da University College Cork concluem, após entrevistas com jogadores de Dungens & Dragons, a conexão social gerada pelo fenômeno pop do RPG.
Não sei exatamente quando essa mudança aconteceu, mas lembro que, na minha infância, ser considerado ‘nerd’ não era visto com bons olhos. Muitas vezes, era associado a ser uma pessoa estranha ou deslocada. No entanto, nos dias de hoje, a cultura geek é amplamente aceita e respeitada, tornando-se até mesmo uma referência positiva. E o mais interessante é que essa mudança de perspectiva pode trazer benefícios significativos para a saúde mental.
Agora, mais do que nunca, é possível perceber que abraçar nossas paixões e interesses, mesmo que considerados ‘nerds’ por alguns, pode contribuir para o nosso bem-estar psicológico. A conexão com aquilo que nos traz alegria e satisfação emocional é essencial para manter o equilíbrio mental e fortalecer nossa saúde emocional. Portanto, ser nerd não apenas se tornou algo aceitável, como também pode ser um caminho para uma vida mais plena e saudável.
A Importância do RPG na Saúde Mental
Pelo menos é o que indica um novo estudo da University College Cork, na Irlanda. Os pesquisadores fizeram uma série de entrevistas com jogadores do jogo de tabuleiro Dungeons & Dragons. Para quem não conhece, ele consiste em formar grupos e criar uma história, com cada um dos jogadores interpretando uma personagem diferente. RPG, aliás, vem daí. Traduzindo, Role-playing game seria algo como jogo de interpretar papéis. Aí você define algumas regras, tem uma espécie de ‘juiz/narrador’ e as pessoas podem criar e improvisar livremente a partir das cartas que vão surgindo. O fenômeno pop Stranger Things tem várias cenas dos protagonistas jogando D&D. É basicamente aquilo lá mesmo.
De acordo com o estudo, jogar RPG regularmente desenvolve algumas habilidades, ajuda na exploração emocional, na resolução de problemas e promove uma conexão social significativa. Ou seja, ajuda na nossa saúde mental. Uma boa partida de RPG pode ajudar sua saúde mental. Detalhes sobre o estudo: Os pesquisadores irlandeses recrutaram jogadores de três países. Todos tinham mais de 18 anos, com pelo menos um ano de experiência jogando D&D semanalmente ou quinzenalmente. Dez participantes com idades entre 20 e 50 anos foram recrutados: seis homens, duas mulheres e duas pessoas não binárias. Os participantes passaram, então, por entrevistas semiestruturadas para falar sobre o jogo e a vida. Os cientistas identificaram cinco temas principais citados por todos: escapismo, autoexploração, expressão criativa, apoio social e rotina. Além disso, todos disseram que jogar D&D dava uma sensação boa e fazia bem para a saúde mental.
Os jogadores relataram sentir uma forte sensação de controle no jogo durante os momentos em que sentiam que não tinham controle fora dele, disse a pesquisadora Orla Walsh, que liderou o estudo. Jogar RPG vai curar todo mundo? Os próprios pesquisadores deixam claro que não. A pesquisa pode ser considerada limitada, uma vez que ouviu poucas pessoas e todas elas são declaradamente fãs desse RPG. O mais importante para ajudar nossa saúde mental não é o jogo em si, mas o ambiente e as condições que ele proporciona para os seus jogadores. Ele permite que as pessoas se relacionem entre si, sejam criativas, conversem, inventem e se divirtam. Você pode até não gostar de RPG, mas deve procurar algo que te dê essas mesmas coisas. Os cientistas também destacaram outros dois pontos importantes. O primeiro é que o escapismo citado pelos jogadores não é uma fuga da realidade, mas sim uma forma de lidar com ela. E o segundo é que o RPG não é uma terapia, mas pode ser uma ferramenta terapêutica quando usado de forma consciente e equilibrada.
Fonte: @Olhar Digital
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