A pasta emitiu nota técnica recomendando vigilância sobre transmissão vertical do vírus, causas gestacionais e malformações neonatais.
Cientistas do Instituto Evandro Chagas (IEC), ligado ao Ministério da Saúde (MS), descobriram indícios de que a febre oropouche, enfermidade transmitida por mosquitos, tem a capacidade de ser transmitida da mãe para o bebê durante a gravidez.
Além disso, a pesquisa revelou que a síndrome oropouche pode apresentar sintomas semelhantes aos da dengue, o que torna o diagnóstico mais desafiador para os profissionais de saúde que lidam com casos de febre e oropouche.
Estudos e descobertas sobre a febre oropouche
Diante da descoberta, a pasta emitiu, neste fim de semana, uma nota técnica recomendando que Estados e municípios redobrem a vigilância sobre a possibilidade desse tipo de transmissão, conhecida como transmissão vertical. O alerta foi feito após o Instituto Evandro Chagas (IEC) identificar a presença de anticorpos contra o vírus da oropouche em quatro bebês nascidos com microcefalia, além de material genético do vírus em um feto natimorto com 30 semanas de gestação. O ministério destaca que essas descobertas são evidências da transmissão vertical do vírus, mas as limitações do estudo não permitem confirmar que a infecção durante a gestação é a causa das malformações neurológicas nos bebês.
Os estudos com recém-nascidos foram realizados no mês passado, quando a instituição conduziu análises de amostras de soro e líquor, coletadas para investigação de arboviroses que podem afetar o sistema nervoso. Os resultados foram negativos para outras infecções, como zika e chikungunya. Além disso, não foram identificadas nas mães a presença de outras possíveis causas de microcefalia, como infecções por toxoplasmose ou sífilis.
Foi detectada a presença de anticorpos da classe IgM contra o vírus da oropouche em quatro bebês com microcefalia, sendo três deles com um dia de vida e um com 27 dias. Já neste mês, investigações laboratoriais em um caso de morte fetal, com 30 semanas de gestação, identificaram material genético do vírus OROV em diversas partes do feto, incluindo tecido cerebral, fígado, rins, pulmões, coração e baço.
Esses achados são evidências da transmissão vertical do vírus. Análises laboratoriais e investigações estão em andamento para a conclusão deste caso. Estudos com animais infectados por vírus do mesmo grupo sorológico do OROV, vírus causador da febre oropouche, confirmaram a transmissão vertical desses agentes, podendo causar abortos e malformações fetais.
O ministério destaca que a possibilidade de transmissão do vírus da oropouche da mãe para o bebê já era considerada desde os primeiros surtos no Brasil. No entanto, ainda não há evidências científicas sólidas que confirmem essa transmissão ou seus efeitos. Pedro Vasconcelos, pesquisador do IEC, ressalta a importância de testes adicionais para comprovar a presença do vírus como um causador dos casos de microcefalia documentados.
Fonte: © Notícias ao Minuto
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