Joênia Wapichana abordou na Comissão Externa da Câmara dos Deputados a crise humanitária vivida pelos indígenas Yanomami devido ao garimpo ilegal em seu território, com estruturas físicas deterioradas e saúde em situação de emergência.
A líder da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), Joênia Wapichana, ressaltou a importância de manter as ações no território indígena dos Yanonami para proteger a comunidade e combater a presença persistente de garimpo ilegal na região. O aumento do garimpo e das invasões nas terras yanomami tem agravado a situação do povo indígena, tornando urgente a implementação de medidas eficazes para garantir sua segurança e bem-estar.
Além disso, Joênia enfatizou a necessidade de intervenções imediatas para conter a degradação ambiental e social causada pelas atividades ilegais no território dos Yanonami. A implementação de ações concretas e a adoção de medidas preventivas são essenciais para preservar a integridade da população indígena e promover o respeito aos seus direitos territoriais.
Ações para a Crise Humanitária na Terra Yanomami
No início do ano passado, a comoção nacional foi despertada pela situação humanitária vivida pelos cerca de 27 mil indígenas na região Yanomami. A gravidade da crise, com relatos de crianças e idosos sucumbindo à fome e doenças evitáveis, ressaltou a urgência de medidas efetivas. Joênia, em suas palavras, destacou a necessidade de continuarmos as ações em curso e avançarmos ainda mais.
A retirada de garimpo e o combate ao comércio ilegal de ouro foram apontados como intervenções cruciais. Além do aspecto financeiro, é essencial proporcionar estruturas físicas adequadas, que foram negligenciadas ao longo dos anos. Os dados do Ministério dos Povos Indígenas revelaram que, somente em 2022, 99 crianças Yanomami com menos de 5 anos perderam suas vidas, em sua maioria devido à desnutrição, pneumonia e diarreia.
A extensa Terra Yanomami, abrangendo mais de 9 milhões de hectares nos estados de Roraima e Amazonas, é a maior reserva indígena do Brasil. Em janeiro de 2023, a declaração de situação de emergência em saúde pública no território e a investigação da Polícia Federal sobre possíveis crimes contra os Yanomami evidenciaram a gravidade da situação.
Um ano após o estado de emergência, a crise persistia, com problemas de saúde e a presença contínua do garimpo, conforme relatado pelo Conselho Indigenista Missionário (Cimi). Em resposta, o governo estabeleceu uma estrutura permanente, liderada pela Casa Civil, para coordenar as ações em prol dos indígenas.
Para o ano de 2024, está previsto um orçamento de R$ 1,2 bilhão para essas atividades. O comitê de coordenação nacional, sob a supervisão da Casa Civil, tem trabalhado em um plano integrado de ações estratégicas envolvendo diversos órgãos do governo federal. Joênia ressaltou a importância de manter e fortalecer essas ações diárias, enfatizando a necessidade de um esforço coletivo para restaurar a dignidade e enfrentar a crise humanitária.
Na terça-feira, Joênia participou de uma reunião da comissão externa da Câmara dos Deputados, criada recentemente para monitorar a situação dos Yanomami. A inclusão da parlamentar indígena Célia Xakriabá na comissão, após críticas de grupos indígenas, reflete a busca por representatividade e engajamento na resolução dessa crise.
Fonte: @ Agencia Brasil
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