O HD com o grampo ilegal de Alberto Youssef estava escondido na 13ª cela, descoberto pela defesa após eliminação de documentos na quarta-feira.
O disco rígido com o conteúdo das escutas clandestinas instaladas na cela do doleiro Alberto Youssef, um dos principais delatores da ‘lava jato’, estava oculto na 13ª Vara Federal de Curitiba e aproximadamente um terço do material foi apagado. A defesa encontrou o local do arquivo e a exclusão somente na quarta-feira (17/7), quando conseguiu ter contato com o material.
No entanto, a descoberta do HD e a remoção de parte do conteúdo geraram controvérsias no processo, levantando dúvidas sobre a integridade das provas apresentadas. A situação envolvendo as escutas clandestinas e o doleiro Youssef promete trazer novos desdobramentos nas investigações em curso.
Descobrimento de Paradeiro de Escutas Clandestinas de Youssef
Youssef, o doleiro e delator envolvido em escândalos de corrupção, foi preso em 2014, desencadeando uma série de eventos que revelaram a extensão das práticas ilegais envolvendo grampos e escutas clandestinas. No início deste mês, o juiz Guilherme Roman Borges, atuando na 13ª Vara Federal, concedeu à defesa de Youssef acesso às escutas clandestinas que o envolviam.
A decisão do juiz envolveu oficiar o Ministério Público Federal, que, surpreendentemente, já possuía uma cópia do grampo desde 2017, assim como a Polícia Federal, para que entregassem todo o material relacionado às escutas ilegais. Essa revelação levantou questões sobre a conduta das autoridades envolvidas e a transparência do sistema judiciário.
Antes disso, quando o juiz Eduardo Appio era titular da 13ª Vara, ele havia solicitado repetidamente à PF em Brasília as gravações, sem saber que o HD com as informações estava na própria vara. A falta de comunicação entre as instituições levantou suspeitas sobre a integridade do sistema de justiça e a proteção dos direitos dos acusados.
Foi somente após a intervenção do corregedor nacional de Justiça, Luis Felipe Salomão, e a ordem do juiz substituto que a defesa de Youssef teve acesso ao material das escutas clandestinas. Para surpresa dos advogados, eles descobriram que 26 dos 64 áudios gravados clandestinamente haviam sido apagados, conforme constatado em uma perícia realizada pela PF.
A exclusão dos áudios, juntamente com a eliminação de conteúdo de um pendrive, levantou sérias dúvidas sobre a conduta das autoridades envolvidas no caso de Youssef. As gravações na cela do doleiro começaram imediatamente após sua prisão, em março de 2014, e só foram interrompidas quando ele mesmo descobriu o grampo ilegal, conforme relatado pela revista eletrônica Consultor Jurídico.
A defesa de Youssef planeja levar o caso ao Conselho Nacional de Justiça e ao Supremo Tribunal Federal, buscando esclarecimentos sobre a exclusão do material e a ocultação do HD com os áudios na 13ª Vara. A defesa, representada pelo advogado Gustavo Rodrigues Flores, alega que a manipulação dos áudios levanta questões sobre a integridade do processo e a justiça do sistema.
A preocupação em torno das práticas da ‘lava jato’ também é evidente, com integrantes da força-tarefa expressando temores desde 2015 sobre a possibilidade de anulação de atos devido aos métodos questionáveis utilizados nas investigações. As escutas clandestinas encontradas por Youssef se tornaram um ponto central de debate, com procuradores da ‘lava jato’ expressando preocupações sobre a legalidade de suas ações.
Fonte: © Conjur
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